Ação mobilizou 2,5 mil agentes e é considerada a mais letal da história do estado. Facções reagiram com barricadas, drones e armamento pesado.
Uma megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro resultou em ao menos 64 mortos e 81 presos nesta terça-feira (28), nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. A ação, batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e é considerada a maior e mais letal intervenção policial dos últimos 15 anos no estado.
Segundo as forças de segurança, o objetivo foi desarticular o domínio da facção Comando Vermelho (CV), responsável por ataques a policiais, roubos de carga e tráfico de drogas em comunidades da região. A operação cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão, além de apreender 93 fuzis, centenas de munições e veículos blindados utilizados por criminosos.
Confrontos e cenas de guerra
Desde as primeiras horas da manhã, moradores relataram intensos tiroteios, helicópteros sobrevoando a região e bloqueios em vias de acesso. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram barricadas em chamas, ônibus incendiados e criminosos usando drones para monitorar o avanço das forças policiais.
A Polícia Militar informou que quatro policiais morreram durante os confrontos e outros ficaram feridos. As corporações classificaram a ação como uma resposta a “atos de narcoterrorismo” e afirmaram que as facções estavam “transformando as comunidades em zonas de guerra”.
Repercussão nacional e internacional
A megaoperação gerou ampla repercussão. Veículos estrangeiros, como a BBC, El País e The Guardian, destacaram o episódio como um dos mais violentos já registrados no Brasil, descrevendo a situação como “cenário de guerra urbana”.
Organizações de direitos humanos, a Defensoria Pública da União e a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) solicitaram esclarecimentos sobre os critérios de uso da força, o cumprimento de mandados e a utilização de câmeras corporais pelos agentes.
Autoridades defendem ação
O secretário de Segurança Pública do Rio, coronel Luiz Henrique Marinho, afirmou que a operação foi planejada com base em inteligência e que “não se trata de retaliação, mas de uma ação necessária para restabelecer o controle do Estado sobre áreas dominadas por facções”.
“O crime organizado vem desafiando o poder público com armamento de guerra. A sociedade não pode ser refém. Essa operação é um marco na retomada do território”, declarou o secretário.
O governador Cláudio Castro também se manifestou nas redes sociais, afirmando que “a polícia agiu dentro da legalidade” e que “a prioridade é proteger vidas e devolver a paz à população”.
Críticas e apelos
Por outro lado, entidades civis e especialistas em segurança pública alertam para o alto número de mortos, pedindo investigação independente. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ afirmou que a operação “coloca em xeque o equilíbrio entre segurança e direito à vida”.
Moradores relataram pânico e desespero durante os confrontos. Escolas e postos de saúde nas comunidades suspenderam as atividades, e muitas famílias ficaram presas dentro de casa durante todo o dia.
Contexto e próximos passos
O Rio de Janeiro vive uma escalada de violência nos últimos meses, com aumento de confrontos entre facções rivais e ataques contra forças de segurança. O governo estadual afirmou que novas ações estão previstas como parte de uma estratégia de “reconquista territorial” e que as áreas afetadas devem receber ocupação policial permanente.
Enquanto isso, a Defensoria Pública e o Ministério Público Federal pediram acesso aos relatórios da operação e às gravações das câmeras dos agentes, para apurar eventuais excessos e garantir transparência.
Resumo dos números da Operação Contenção (até 28/10/2025):
- 64 mortos (entre suspeitos e policiais)
- 81 presos
- 93 fuzis apreendidos
- 2.500 agentes mobilizados
- Duas comunidades afetadas: Complexo da Penha e Complexo do Alemão


