A Netflix anunciou recentemente a produção da minissérie “Emergência Radioativa”, que trará à tela uma das maiores tragédias radiológicas da história mundial: o acidente com o Césio-137, ocorrido em Goiânia, em 1987. A série chega 38 anos após o desastre que marcou o Brasil e o mundo, e promete jogar luz sobre os bastidores da corrida científica e médica para conter os efeitos da contaminação radioativa.
Criada por Gustavo Lipsztein, dirigida por Fernando Coimbra (“Os Enforcados”) e produzida pela Gullane, a produção vai retratar o trabalho intenso de médicos, físicos e autoridades na tentativa de salvar vidas e controlar os danos causados pela exposição ao material radioativo.
O acidente teve início quando dois catadores de sucata encontraram um equipamento abandonado em uma clínica de radioterapia desativada. Sem saber do perigo, desmontaram o aparelho e venderam as peças — incluindo uma cápsula contendo cloreto de césio-137, altamente radioativo. O pó brilhante e azulado chamou atenção dos moradores, sendo manuseado por dezenas de pessoas, o que levou à contaminação de mais de 100 pessoas e à morte de, pelo menos, quatro delas.
Apesar da importância histórica e geográfica de Goiânia na tragédia, a decisão da Netflix de gravar a série em outras cidades — como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte — vem gerando críticas de sobreviventes e familiares das vítimas.
“É uma história que nasceu aqui, que causou sofrimento aqui, e que deveria ser contada a partir daqui”, afirmou um dos afetados pelo acidente, em declaração à imprensa local. Para muitos, a ausência da capital goiana nas locações representa uma espécie de apagamento simbólico do sofrimento vivido pela população local.
A Netflix ainda não se pronunciou oficialmente sobre os motivos logísticos da escolha das locações, mas a decisão reacende debates sobre a forma como tragédias reais são retratadas na ficção — e os limites éticos da representação artística diante da dor alheia.
A série ainda não tem data de estreia confirmada, mas deve chegar à plataforma em 2026.


